terça-feira, 30 de outubro de 2012

O Que Não Sei Dizer

Diante de ti... Todas as palavras na minha boca,
Dançando entre a língua e os dentes...
Letra por letra refletindo o meu olhar no seu...
Mãos, face, olhos embebedados na verdade que brota de cada cantinho do coração...
É sincero, É puro... E tudo tão simples que nem parece mesmo o que acredito que seja...
E me engasgo... Não quero que nada te machuque. Não quero que seja um engano, outra vez.
E que nada estrague nosso instante...
E mesmo que estas palavras presas possam perpetuar nossos momentos...
Não arrisco se quer uma letra... Um dia, quem sabe não muito distante, desengasgo...
E digo o que há muito já não sei mais dizer...

 Débora Andrade

Palavra Cruzada

Todas as letras frente a mim.
E eu só quero encontrar a palavra que te faça feliz.
 E as pistas não me confundem.
Desta vez, sim. É você. Eu sei.
As horas se perdem entre nossos abraços.
Os sonhos constroem nossa realidade doce.
E os laços se fortalecem. Mesmo que não seja pra já, sabemos que será.
 Nós queremos que seja.
 O tempo, o vento, todo sentimento concluem esta palavra cruzada.
 E onde há amor, há paz. Esta mesma que você me traz.

Débora Andrade

Entre Flores e Espinhos

Entre os risos, o choro.
E entre as lágrimas, sorrio.
Nem um passo em vão.
O erro que não me acovarda a seguir em frente, me apresenta as flores, entre os espinhos.
E é impossível viver um só lado.
Entre a felicidade, decepções.
E entre as decepções, aprendo.
Não é incomum ou incorreto, seguir bem reto, entre amores e dores...
Só não me perco em um abismo.
Agarro-me às tuas mãos. E minha segurança, está em teus braços.
E entre os erros e acertos, um amor em construção.
Te tenho em bases fortes.
Te sinto em meio as flores ou aos espinhos.
E suporto as lágrimas, se preciso for, porque sei que o sorriso vem.


Débora Andrade

Atos e Fatos

Tato, ato, fato.
Tento o céu, é teto.
Toco o chão, é mato.
Tento o tanto e toco.
Farto o ato do tanto que te quero.
Mantos cobrindo prantos.
Prantos.
 E distância entre os olhos.
Olhos de lágrimas que lavam as léguas.
Léguas de carinho tenho por ti.
Léguas de saudade e mais pranto.
Tento o tato e toco o teto.
É o céu que cobre meus sonhos.
Toco a saudade. Pareço sem chão.
Aperto o peito, sonho e encontro.
No céu ou na terra, Em suas mãos, meu manto.
E no teu abraço, nenhum espanto.

Débora Andrade

Me Vou

Me encharquei de letras e sons nesta tua falta.
E se antes as lágrimas entonavam as curvas da nossa estrada,
Hoje, bem só, retornei a minha linha reta, sem teu rosto no retrovisor.
 Eu e você: nunca foi ciência exata.
Embora nossos corpos soubessem todas as fórmulas químicas e físicas de fazer o improvável e de brincar com impossível. Retomo.
Em linha reta, partindo em dó e em direção ao sol.
E me deixo envolta, protegida pela melodia confusa que minhas notas celebram pela tua falta.
Me embriago deste tinto que me pinta em vinho e recuso o doce do teu veneno.
A colocar meu mundo ao teus pés, perdi meu chão e hoje, vôo sem asas para qualquer direção.
 Aceita a condição.
Começo em dó e vôo em direção ao sol.
Até que o mundo se acabe.
E o meu, que reinvento todos os dias, reinicia toda vez que abro os olhos.
 Findo a lucidez da taça e inicio um novo dia com mais uma noite...

 Débora Andrade

Azul

Doa vento às mãos.
Aproxima-se intento com a mesma confusão voraz.
Veste-se de palavras e se pinta de azul. Inventa, cria dor, cria, atura...
Recria o dom, inventa cura...
Ritmo de salsa e diminui o passo,
Ouvindo o blues, domina o compasso.
Bem sabe que não viveu demais.
Realinha as rimas.
Entre a língua que guia e a que se faz,
Não tem tarde fria,
Não tem noite sem paz.
Vive tudo em um só dia.
E sempre acorda querendo mais.
Perpetua o som e a melodia,
Transformando as palavras em sinais.


 Débora Andrade


Ao amigo poeta YAMIL LIRANZA

Ao Ventre

Encurto meu espaço.
Me encolho, me curvo, me desfaço.
Ao ventre, me recolho.
Da bênção divina, mais um passo.
Naquele mundo protegido,
Sou feto a espera de parto.
Parto.
Me reparto em dois.
Uma que segue.
Outra que fica.
Entre proteção e pouco espaço.
Ao ventre livre...
A bênção maior da vida.
O milagre.
Volto.
Revolto.
 Renasce.
Nasce.


Débora Andrade