terça-feira, 20 de novembro de 2012

Dias e noites que...


Dias e noites que...

Tem dias que...
Tudo amanhece menos intenso.
Uma névoa cinza substitui o brilho dourado do Sol.
E então eu sinto frio, me sinto fria...
Uma falta da sua Luz, uma falta da minha luz...

Tem noites que...
Olho para o céu e não vejo as estrelas.
Procuro pela Lua e ela parece procurar por mim...
E nos desencontramos...
E então, não consigo sentir o meu céu.
Não consigo encontrar as estrelas em mim.
Da minha cama não vejo mais o céu que fabriquei.

Um abraço...
Um ombro que aconchegue minhas lágrimas.
Um colo que caiba minhas dores...
Olhos que demonstrem compreender esta fraqueza momentânia.

Não preciso mais de laços...

Mas eu queria tanto um abraço...


Débora Andrade

Somos o que somos.


Somos o que somos.

Não somos o que pensamos.
Somos o que somos.
E ponto.
Tudo bem...
E vírgula.

Depois do segundo "somos"
Ainda há espaço para argumentações,
Questionamentos, indagações, dúvidas e até para as certezas.

Somos o que somos.
Às vezes luz, às vezes escuridão.
Fome e refeição.
Sede e salvação.
Somos o que somos e sem nenhuma pontuação.
Ora humano, ora sobre-humano, subumano e desumano.
Somos sempre uma contradição.

Um mistério desvendado aos poucos.
E sofrendo as dores e os prazeres de qualquer desvendar.
Assim, como quem anda descalço sobre cacos cortantes,
(Seja de vidros ou de paixões)
Apalpando a sorte, tateando os sentimentos no obscuro das emoções.


Um espelho...
Reflexo fajuto mostrando o avesso do que eu deveria ser.
Do que eu desejo ser.
Do que eu não posso ser.

Fim do dia. E agora sou eu e ponto.
Tudo "pronto". Imagem e reflexo!
Testemunhadas por todos os santos.
Posso me ver no espelho e sou eu.
E então... Chora um pranto e, mais uma vez, pronto!
Lá vem ele... Lá vem eles... Vem vindo todos... E chega ela!
Tempo, enganos, encontros, sonhos, realizações, frustrações: a vida!
Corta!!! - Grita alto o íntimo e intimida.
-Vamos refazer. Esse aí não sou eu não.
E assim prorrogamos mais um "recomeço".

Não somos o que pensamos ser.
Somos o que somos.
Sem ser muito, sem ser demais.
Até porque... Uma hora a banda passa
Mas a música não é a mesma de ontem.
O inverno chega... e aí, o cheiro é parecido com o de 1998.
E aí você já olhou sua foto na moldura e sentiu saudades.
Saudades do que você já foi.
E se pergunta onde escondeu aquele sorriso da foto.
E se olha. Compara as pessoas do espelho e da fotografia.
E se questiona: - É a mesma pessoa?
Duvida... mas reage aliando-se as certezas de sempre.

Basta a essência de nós.

Somos o que somos.

Mas, estamos sempre...

Não há tempo para ser.

E só agora somos...

Com as retiscências...
E sem complementações.
Débora Andrade

Euforia do Novo


Euforia do Novo

Por algo sem sentido,
E, por muito menos, razão.
Há um explodir, como fogos de reveillon em Copacabana.
Que se despede do que foi e celebra o que chega.
E como parece bom o que vem!
Do novo, nunca tive medo!

É mesmo em abril.
Para abrir as portas ao novo, com santa emoção.
E agora, afirmo que não há palco melhor para tanta explosão!
Não será em Copacabana!
Nem é dezembro, nem é janeiro...

Por favor, faço questão!
Vou dispor de toda a estrutura!
Fogos, luzes, músicas, sons...
O palco é minha alma.
E só neste reveillon particular,
Dispenso a razão.

Abraço o novo.
Débora Andrade

Passado


Passado

Acabo de entender:
Passado é passado.
Mesmo que mal passado,
É indigesto, mas é passado.
Mesmo que ainda sobreviva e reste qualquer fragmento dele...
O passado, passou.

Não há perspectivas,
Nem há o entusiasmo do "ainda será".
Porque já foi...

Deixo este passado para o tempo verbal.
E neste tempo verbal, se usar, será para conjugar a tristeza.
Angústia, decepções e desilusões são enterradas agora.
E agora é presente!

O Futuro?
O futuro é de amanhã.
E o amanhã é tarde de mais.
Porque eu decidi me fartar do presente.
Porque presente é um presente!!!

Existe borracha para apagar histórias.
E o nome dela é decisão.
Débora Andrade

Máscaras


Máscaras

Não, não é mentira.
Talvez cena, encenação.
Sou eu, quase um tanto.
Bebendo largos goles de que eu deveria ser.
E como se em fotossíntese,
Me alimentando do que ainda hei de ser.
Vomitando tantos sonhos que,
De tanto esperar, passaram do prazo, perderam a validade.

Não, não.
Não sou mentira.
Sou eu mesma, contrariando o coração.
Dosando goles de emoção.
E, em processo de desintoxicação,
Me livro da angústia e da solidão.
Abortando sonhos que já nem sei se são.

Não, não sou eu.
É um rabisco, rascunho, projetos.
Talvez a minha cara,
Talvez o que me encara...
Ou somente é... a razão.
Débora Andrade

"Re" Construção


"Re" Construção

Me reconstruo em bases mais fortes.

E pode chuver a chuva forte...
E ventar o vento sem rumo, sem norte.
Porque, a toda tempestade, serei sobrevivente.
E, ao nascer o arco-íris, maior nascerá a minha fé.

Recomposta, reconstituída, refeita.
E agora, em bases mais fortes.

Súplica


Súplica

Não sou tudo que pareço ser.
E agora preciso da tua mão.
Não me deixe cair...
Segure minha mão.

Eu sempre estive por perto.
Corri em direção às soluções para teus problemas,
E sempre procurei os remédios que curassem tua dor.
Agora, não me deixe cair...

Desfalece toda força que há em mim.
Onde está tua mão?
Estou com medo...
Medo de não viver mais momento algum de amor
Medo de mim, da minha fraqueza e destes tantos sonhos jogados pelo chão...
Ando pelo quarto e tropeço nos meus planos,
Nos nossos planos...
Tropeço ainda na minha fé que sustentou todos eles, já sem vida.

Faça alguma coisa.
Tudo que eu tinha, te dei.
Não resta muito de mim.
Faça alguma coisa...
Não quero mais esta dor que toma conta de cada pedacinho de mim...
Faça alguma coisa...
Eu já não vivo mais em mim...



Débora Andrade

Inverso


Inverso

E agora morre um pouco de mim.
E aos poucos, vou me tornando meu inverso.
Com a força que me sobra, me escondo.
E é no sorriso que escancaro tudo que me falta.
Me falta o seu universo...

Me escondo para morrer.
Vai nascendo o inverso de mim...
Débora Andrade

Teria sido


Teria sido

Tudo que eu poderia ter sido
Teria sido se não fosse este rascunho mal traçado,
Mal feito e sempre passado a limpo.

Teria sido estrela...
Estrela do Mar... Que guarda, além de uma beleza singular e misteriosa,
Um perigo de fato, que não se arrisca quem se aproxima
Estrela, nem tão cadente,  e nem de tanta luz...
Mas, estrela...

Talvez a água...
A água doce que matou sua sede
Água de rios calmos
Às vezes tempestivos...
Água do mar que levou o passado e trouxe o futuro até seus pés

Teria sido...
Nada de tão importante
Não muito mais do que sou hoje, então.
Teria sido menos dúvidas de mim mesma.
E também menos certezas...

Tudo que poderia ter sido...
Está guardado nas gavetas do mundo
Não muito trancadas... Sem chaves ou segredos...
Porém, velhas e emperradas...

Teria sido estrela...
Débora Andrade

Tema melhor


Tema melhor

O tempo dorme na porta do mundo...
O amor espera na janela...
O silêncio dos rios canta sobre amar...

Não há tema melhor, não há...

Complexidade em forma de poesia.
Simplicidade compondo  melodia.

E não há medo, não há.
Respiro aliviada...
Pois ainda tenho história pra contar...

Sonho, sem dormir.
Ao piscar os olhos,
A Lua é ainda mais bela.
Mas eu ainda quero cafuné...

E quando já é de manhã...
Olhos quase abertos...
Despertar...
O Sol chega e abre os braços dourados sobre o mundo.

Calor... o mesmo da noite.

E o amor, ainda na janela...
O tempo bate na porta do mundo...

Histórias ainda pra contar...


Débora Andrade

Encontros e Desencontros


Encontros e Desencontros

E quando, de certo, eu me encontrar...
Não hei de saber tão bem que, assim, foi.
A noite, o dia... a tarde...
Estas fases, fragmentos de um dia qualquer...
De sol ou chuva...
E toda esta música, este som cheio de sentidos...
Que embalam os meus mais loucos sonhos...
Me confundem e criam esse desencontro constante que sou.

Sou mais eu quando estou livre  de tudo que penso ser.

E penso menos sobre mim quando não penso em você.
Débora Andrade

Refluxos


Refluxos

Refluxos.
Má digestão.
Azia.
Me fartei de tanto amor.
Engasguei de tantos sonhos.
E agora tenho ânsias.
Quero vomitar esta tristeza.
Como se fosse uma renúncia à este descaso.

Manso deve ser para sentir.
Grande deve ser para entender.
E há de haver amor para querer.

Se não há. Basta, mais uma vez.
O que existe é puro de mais,
Verdadeiro de mais,
Imenso de mais para que faças tão pouco.
Débora Andrade

Como o Sol que se põe


Como o Sol que se põe

E agora este amor é como o Sol que se põe.
É como o dia que adormece nos braços da noite.
Um amor sem meras expectativas.
Um amor que adormece já cansado de tanto "sobreviver".

Guardei minhas armas, já sem nenhuma utilidade.
Nesta guerra da solidão,
Sou só mais alguém que quer amor.

Guardei minha alma, já tão perdida.
Os meus sonhos já tão descalços.
Pés no chão. Olhos tão baixos.
Já nem vejo mais minhas estrelas.
Não alcanço mais seus abraços.

Assim sigo, passo a passo.
Sem aguardar por nada.
Nem esperar me surpreender.
Menos ainda que me retome com amor.

Não morreu.
Adormece.

Não posso mais.

Estou sedenta por amor.
Sedenta por paixão, por beijos e ofegantes abraços.


Débora Andrade

Aos planos


Aos planos

Planos em retalhos.
Costurados e remendados à mão.
Como se fossem talhados por um artesão.

Planos traçados e sólidos,
Desatos, desatinos, acasos, descasos...
E de tanto querer,
Já nem sei mais o que quero.
E de tanto te querer,
Nem sei mais o quanto te tenho.

Gosto estranho este de solidão.
Muito parecido com este teu gosto, sem paixão.
Desejo estranho de manter este laço.
Semelhante à tua pálida razão.

Me refaço, então.
O que não é novidade é a confusão.

Me apresento à vida
De cara lavada,
Com mente despida e
Com alma carregada...

Há muito de ti, ainda.
Mas nem sei medir o quanto.
Esta maneira sincera de exagerar,
Multiplica os contos e não divide os sonhos.

Renasce mais uma de mim.


Débora Andrade

Só queria


Só queria

Um clamor ao auto.
Clamando bem alto.
Auto controle,
Autonomia,
Auto estima...

Mas eu só queria um carinho.
Eu só queria estar no seu horizonte.
Um cafuné, zelo, flores nos cabelos...
E uma cama com travasseiros.

Eu só queria uma exclamação de sorte
Uma declaração sem rumo, nem norte.

Só queria que tivesse saudade.
Dos meus abraços,
Vontade em seguir meus passos...

Eu só queria...
Débora Andrade

Apenas


Apenas

Acho que não desejei muito.
Nunca quis nem a metade do que dei.
Apenas detalhes...
Minúcias que descrevem o que se sente
Expressão do que se tem.

Agora...
Sinto querer menos ainda.
Sinto querer quase nada.
Apenas os meus detalhes,
As minhas minúcias.

Um tempo a mais,
Um tempo a menos,
Menos de mim...
Um pouco só.

E olhar com calma,
Sentir com calma,
e viver intensamente.
Débora Andrade

Do que gosto...


Do que gosto...

Gosto de bolsos para esconder as mãos.
E gosto do teu colo que afaga minha aflição.
Gosto de xícaras para tomar café.
E das tuas mãos dispostas a me fazer cafuné.

Gosto de rabiscos e traços.
Ainda mais, gosto do carinho dos seus abraços.

E gosto de um pouco de aventura,
Cachoeiras, mar aberto, até o deserto...
Gosto ainda mais de te ter por perto.

Gosto de algumas coisas,
Ou de tudo... um pouco.
Mas é de você que gosto tanto ou mais.
É seu meu encanto...
E é o seu amor que eu quero em paz.
Débora Andrade

Alcance


Alcance

O minuto não me viu passar em uma hora.
E eu passo, sempre, em minutos.
Nem sempre com o mesmo passo.
E às vezes, pouco constante, em um mesmo compasso.
E em cenas, centenas de poemas...
Eu... repasso, me invento, me abraço.
Em segundos, me desfaço.

Acho que nem a vida inteira,
Nem o mundo inteiro,
Nem mesmo a palma da mão...
Não há tempo ou lugar para me alcançar.
Não há como me desvendar.
Débora Andrade

Pressa


Pressa

Estou sempre correndo...
E até quando paro,
Estou correndo...

Estou sempre com pressa...
Corro deste tempo que corre de mim...
E tropeço no passado que esqueci pelo chão...
Tudo em mim é um pouco redundante...

Preocupo-me pouco com o que fica,
Pois se fica, está em mim e por isso...
Caminha comigo ao meu tempo...

Estou sempre com pressa...
E às vezes corro na direção certa...
Às vezes corro em sua direção...
E atropelo as coisas...
Eu me atropelo!

Quase sempre te encontro pelo meu caminho
Com menos tempo que eu...
E com mais paciência...

E nós gostamos da Lua,
E contemplamos os céus...
E enxergamos a beleza da noite,
Mesmo que muito escura...

Mas eu tenho pressa...
E você é tão calmo...
Débora Andrade

Um pouco mais


Um Pouco Mais

Nem quero tanto...
É só um pouco mais.
Pouco mais de mim,
Muito menos de nós...

Da Luz do dia, quero a metade...
Dos meus sonhos quero a fé...
E deste brilho opaco que sobrou,
Quero sombras de saudade...

Nada mais,
Só um pouco além de mim...
Porque além de mim,
Há ainda um pouco de você.
Impregnado nas minhas palavras,
Presente em cad

Nossas diferenças


Nossas diferenças

Estas diferenças...
Por vezes iguais em tanta cumplicidade.

Pois eu sou terra,
e você é água.
Eu faço enquanto você pensa...
Sou impulso e você, reflexão.

Carrego as cores do mundo nas mãos...
E saio a pintar tudo bem colorido...
Você tem sempre caneta preta e papel branco.
E escreve claro o que não quer falar.

Eu sou barulho...
Voz alta declarando ao mundo...
Tenho amor em explosão...
Você é silêncio...
E sem fazer nenhum barulho,
Me ama em sua implosão.

Carência e solidão.
Quero gente... Você quer minha mão.
Extroversão e introversão...
Eu olho, apenas...
Você olha e observa...
Ao redor eu vejo gente,
Você vê vida!

E se assim, versando, eu me desfaço...
Você, ao ler, me refaz.
Me analisa em cada passo...
Mas se esconde em busca de paz.

Eu sou dia...
Você é noite...
Sol e Lua...

Sou insensatez, sou poesia.
Você sempre sensato em melodia.

E pensando bem...
Somos mais semelhanças que diferenças.
Pois toda minha emoção é amor
E toda a sua razão, também.

Débora Andrade

Cinzas


Cinzas

Não é a mesma coisa...
Não existe o mesmo fogo.
A brisa gelada do descaso
Deixou apenas brasas mornas,
Cinzas de um passado em chamas.

Nada é tão quente e tão manso
Tão intenso e tão bonito
Quanto o fogo de amar e ser correspondido...

Fica então estas cinzas...
Que um vento forte pode levar...
Aguardo, paciente...
A chama que não se apaga...
O fogo que aquece e não queima,
Não machuca...

Cantaremos ao redor deste fogo,
Como um ritual sagrado
Para celebrar o que se fez completo
O amor na sua imensidão.


Débora Andrade

TEMPO


TEMPO

Sopra o vento sem horas
E as horas contam o tempo
Cada segundo, uma eternidade
É assim quando existe saudade

Vento sopra as horas
E conta o tempo uma história
Tanto tempo...
Pouco tempo tenho para te ter...

No presente avisto o futuro por uma luneta chamada passado.
E tudo que é tão distante
Pode ser tão próximo nesta ilusão de ótica.

Mas perdi as contas por estas estradas
E nem sei mais se estou no presente
Ou se ainda sonho com o futuro lá no passado

Faço as pazes com você, tempo...
Só não me conte mais...
Não se conte mais...
Não contabilize meus dias...
Estes que, medíocres, correm...
Nesta ampulheta empoeirada no seu armário...
Débora Andrade

Inovando


Inovando

Até que gosto desta estranha sensação de nada sentir
Esta estranha sensação de não te sentir o tempo todo
Parece que, faltar um pedaço de mim,
não mais dói tanto quanto antes...

Outra luz, outro caminho...
Agora... sem foco e sem direção.
Não espero por mais nada...
Tudo o que tenho são surpresas...
E até as coisas mais simples,
Sem expectativas, são surpreendentes...

Minha alma já se alimenta dela mesma.
E emagrece dos tantos sonhos mesquinhos.
Agora se nutre de si mesma.
Sem nenhuma necessidade de ser grande.

Débora Andrade

Juntos


Juntos

Pressa...
O tempo não sabe esperar.
E eu já esperei tanto...
Quero mais, quero tanto...
Só você pode me dar...

Quero hoje, e quero sempre!
Chega de lágrimas e lamentos.
Meu sorriso se abre ao ouvir tua voz.
E o brilho dos seus olhos a me olhar,
Faz brilhar o mundo...

Sua presença faz nascer mil flores no deserto...
O sol abre no meio da noite...
As estrelas enfeitam meu teto...
As cores do mundo pintam um arco-íris no meu coração.

Chega de distância
Me dê sua mão...
Meu equilíbrio,
Minha paz,
Meu amor...
Minha metade...
Débora Andrade

Basta


Basta

O sentimento é muito...
Sua vontade tão pouca...
Desfaça as promessas...
Desfaça os laços...
Eu não quero viver só...

Tire-me as vendas...
As algemas...
Os nós...

Passa este passado sem futuro
Desata estes nós sem conjugação.
Não quero mais...

Basta!
Há um horizonte toda a brilhar
E eu aqui... com estas vendas...

Chega de tanta escuridão
Desta solidão sem sentido
Desta espera sem medida
Esforços tantos, por nada!

Tenho muito aqui em mim...
Um sentir tanto...
Não quer...
Então não posso...

Desfaça os nós...
Débora Andrade

Descartável


Descartável

Está frio esta noite
Meus pés estão descobertos
E mais gelado que a noite está meu coração

Ao meu lado?
Não sei muito bem...
Nem sei mais...
Se é real ou imaginação...

Mas estamos juntos.
Nem tão próximos, mas estamos juntos...

Tudo bem,
Enquanto tento encontrar em seus braços
Algum carinho, afeto, laços...
Te empresto meu abraço...
E amanhã... Seguimos sós os nossos passos...

Avessos à solidão...
Algo em comum, ao menos.
Vamos brincando com o coração...
Amanhã... é amanhã...
E mais uma vez... Solidão.

Copos, pratos, colheres e garfos...
Descartáveis...
Débora Andrade

Em branco, em claro


Em branco, em claro

Uma folha em branco...
E mais uma noite em claro.
E até quando assim será?

Cheiro forte de solidão...
Queima sem piedade o meu peito
Rasga os prantos esta saudade...

Este meu coração...
Que bagunça este quarto!
Está abandonado por um tempo...
E reconheço nele esta minha confusão...

Tão perto...
Tão longe...
Palavras mais...
Noites a menos...
Nenhuma solução...

Sem tempo, sem vento...
Sem você...
Você...
Meu sonho,
Meu sono,
Minha razão...
Débora Andrade

Sem Sono (Mais Uma Vez)


Sem Sono (Mais Uma Vez)

Esta inquietude sem sentido
Já é tão tarde...
E o meu relógio marca o mesmo horário de ontem.

Meu corpo não comporta mais tanto sentir.
A sensação é de que escapam sentimentos tantos
Pelos meus olhos sempre abertos...
Meus pés se balançam sem calma...
Vagam dúvidas mesmas de sempre...

Aflição sem dono... Aflição sem sono...
As estrelas do teto do quarto...
Brilham e apagam na medida que o dia chega...
Fabriquei meu céu particular...
Porque estou sempre sem sono...

A noite passa...
As estrelas dormem...
A lua descansa...
E meu sono...

O mesmo horário, o mesmo relógio...
Um choro seco, sem lágrimas...
Eduquei meus músculos oculares...
Sabem quando podem lacrimejar...

Dor... é de cansaço...
Espera por nada... e eu ainda de pé...
Me deito no vago espaço da cama...
E parece grande...
Mas não acomoda este meu corpo tão carregado de coisas suas...

Conto as horas...
Conto as estrelas poucas que restam...
Conto os cantos do quarto sem léguas...
Os espaços entre nós...
Conto os nós...
Só náo conto mais este meu pensar que é tanto!

Água doce, camomila, maracujá...
Cafuné!!!
Algo... alguém... Calmante!!!
Sono de volta... Sonhos de volta...
Meu corpo não comporta mais tantos anseios, tantos desejos e aflições...
Tudo e tanto... por tão pouco ou nada...
Eu quero realizações!!!
Débora Andrade

Bem Te Quero


Bem te quero

Bem te quero muito
Assim, sem pontuação
Ao seu entender...
Deixo nas reticências sua interpretação.

Bom saber que é muito
Mas pode ser que nem é demais
Bem te quero a todo instante
Sua luz me traz um instante de paz.

Bem te quero como ontem
Amanhã, já nem sei mais...
Mas sinto que posso te querer sempre
É imenso o bem que me faz...
Débora Andrade

Pessoas


Pessoas

 Há um minuto não me sentia
 Nem me encontrava,
 Mas também não me perdia...

 Quase sem razões... Estacionei meu tempo...
 Este mesmo tempo, único!!!
 Igual para todos em qualquer lugar do mundo!

 Cem razões surgiram...
 Muito ainda há para viver em um minuto.
 Muito há para  aprender neste mesmo "um minuto".

 Sigo, a cada instante, observando os atos...
 Os desatos e fantásticos "natos" desta louca vida.
 Esta louca que nos transforma em monstros..
 Por vezes santos, outros loucos e sábios.

 Sou um pouquinho de você
 E somos um pouquinho de cada um...
 Na verdade, somos o composto do que apreciamos mais um nos outros!

 Tenho sorte por conviver com pessoas distintas,
 Com pessoas especiais, fantásticas e loucas...
 Diferentes... Parecidas... Identidades sem números!
 Tão loucas e santas que me tornam esta mistura que sou...

 Pessoas: Composto sem fórmula
 Remédio sem bula
 Livro sem editorial
 Caminhos de lições...

 Pessoas... Um pouco de mim...
 Um pouco de você...
 Um pouco de nós...
Débora Andrade

Alguém


Alguém

 Que, novamente, me faz sentir vontade de voar..
 Vontade de ver o tempo passar sem notar...
 Alguém que faz o coração bater sem razão...
 Que me faz permitir sonhar mais uma vez...

 Infinito... ou até daqui a pouco...
 Que seja... que seja... Mas que seja!!!
 Só quero receber uma razão para viver mais...
 Um contato que me mantenha feliz...
 Que mascare ou maqueie a minha solidão...

 São linhas extremas se encontrando...
 Se unindo...
 Uma nova oportunidade...
 Mais uma vez eu posso acreditar...
 Faço reviver a minha fé..
 E posso, mais uma vez, seguir a voz do meu coração!!!
Débora Andrade

sexta-feira, 16 de novembro de 2012

Mundo em Meus Olhos


Mundo em meus olhos

Tenho muito do mundo em meus olhos
Às vezes e sempre, quase cegos para mim
Carrego toda força do mundo nas minhas mãos
Mas no vazio do meu quarto...
Me entrego às dúvidas que a vida faz questão de me trazer
Vem trazendo assim...
Sem que eu peça, sem que eu queira...
E toda força, escorre por entre os dedos...
Como as lágrimas do meu coração aflito.

Neste silêncio que o mundo não faz
Deste que só existe quando eu te invento
Chora esta solidão no meu peito
Com tantos prantos e lamentos
E a música a pairar pelos ventos

Sim, eu estou sorrindo!
Há, em algum lugar por aí...
Esta parte que em mim pulsa quase a explodir
Clamando em sorrisos cênicos qualquer amor que eu possa
sentir...
Que eu possa receber...

Onde está o meu abraço?
Me mostre seus passos...
Lado a lado, confiantes...
Construindo os laços...

No silêncio do meu quarto...
Invento a sua música...
Assim, como invento você...
E o vento não pode levar...
E nem o tempo pode mudar...

Muito do mundo em meus olhos
Pouco de mim...
Muito dos meus olhos no mundo
Pouco do mundo em mim...
Débora Andrade

Sem Sono


Sem Sono

Vou me deitar...
Fechar os olhos e quem sabe sonhar
O amanhã ainda é uma possibilidade
Enquanto o hoje ainda se faz...

Ando sem sono...
Mas vou me deitar...
Quem sabe o sono não vem...
Quem sabe você não vem...

E o aconchego dos teus braços
Se encarregará dos laços
E em meu peito te afago
E no silêncio,por vezes interrompido pelo nosso pulsar
Um encanto pode nascer,
Pode ainda se ocultar...

Mas meu sono virá...
Depois do cansaço,
Depois do pulsar...
Logo após o afago..
Depois de, quem sabe,
Resolvermos ficar...
Débora Andrade

O que nos afasta


O que nos afasta

Quem sabe a busca pelo perfeito...
Quando nada é mais perfeito que a união singela das nossas mãos...

Ou ainda a ânsia pelo eterno...
Quando nada é tão eterno e terno que estarmos lado a lado, sem nada fazer, sem nada dizer... Apenas estar...

Talvez a busca de certezas...
E ela, escancarada, está nos momentos em que nossos olhares se cruzam.. e sem dizer nenhuma palavra... Sabemos, com certeza, que nos amamos.

O que nos afasta é também o que nos une.
Débora Andrade

Liberdade


Liberdade

E a minha liberdade?
Eu a perdi desde o momento em que ouvi de você que me amava
Embrulhei-a e dei ao primiero pássaro que entrou na minha casa
Ele voou leve, me deixando suas penas pesadas

Eu me coloquei numa cela denominada amor
Amarrei meu coração com uma fita com seu nome gravado
E quase que, miletricamente, planejei a fuga dos nossos desenaganos
Desenhando o caminho que descobriríamos juntos para a felicidade

Estou encarcerada...
Minha companheira de cela...
Uma senhora com semblante pesado, olhos vermelhos de chorar...
Atende pelo tal nome de Solidão...

Presa aqui...
Me sobra tempo para fabricar ilusões...
E assim me condeno, até a morte...
Sustendando este vício que já está entranhado na minha alma
Ilusão: entorpecente, alucinógeno, viciante sem vergonha...
Tenho como sentença te amar para o resto da minha vida
E minha única salvação é ter este amor correspondido...

Intensidade, força, doação...
Desejo, união, laços...
Lealdade, cumplicidade, coração...
Crimes da alma...
E eu condenada por toda a eternidade...
Débora Andrade

Petulância


Petulância


Que bagunça de tolerância...
Antecipando ao fato e sendo o fato
Antes que ele seja qualquer fato...

A estrada vai além do que se vê...
E porque eu vejo?

Que mania de autosuficiência
De autoanálise, autocrítica...
Que mania de "auto"...

Quase mecânico estes movimentos.
Antes que eu fale,
Antes que eu pense...
Já existe uma resposta...
Uma sáida... Uma solução...

Eu quero perder estas respostas...
Quero engasgar por ter uma dúvida...

Vou me dar o luxo de estar perdida uma vez, ao menos...

Posso me permitir não saber uma resposta...

Quero a alforria desta escravidão simétrica...
Quero a liberdade desta sensatez tão sólida...
Desamarrar esta sabedoria sei lá de onde...
Que pensa que tudo sabe...
Que sabe que tudo pensa...

Quanta petulância!!!
Então.. me permito esta ausência de força, mais esta vez...

Só eu sei o quanto me sinto humano quando estou sem rumo...

E às vezes... "ser humano"...
Assim, nesta ambiguidade, mesmo...
É bom...
Débora Andrade

Sem Esperar


Sem esperar

 Pode vir...
 Nem estou te esperando...
 Mas pode vir...
 Será bem vindo em mim...

 Nasça como o Sol nas manhãs de verão...
 E tarda como a Lua em noites de inverno...
 Me marca como as estrelas
 Em céu sem norte ou sul, sem direção...

 Me acorde com teu cheiro,
 Levante-me com teu canto,
 Me perca com teus sonhos...
 Me faça, me sinta...
 Não te espero...

 Traga-me seu horizonte...
 Eu não tenho medo do infinito...
 E sei viver o "até agora"...
 Venha, porque eu não te espero...
 Eu só te quero como a escuridão quer a luz
 Como o mar quer as ondas...
 E te preciso como a canção à melodia...
 E te quero como a noite quer o dia...

 Me faça real por um segundo...
 Estou tão perto, até então...


 Não te espero,
 Mas pode vir...

 Não te espero...
 Mas já está aqui...
 E mais uma vez...

 
Débora Andrade

Um Tanto de Silêncio


Um Tanto de Silêncio

Pareço ser um tanto de silêncio...
Quase me calo do tanto que posso falar
Divido comigo mesma estas emoções.
Cedo, ainda...
Tenho dormido quase tarde...
E as palavras... Brincando de química no meu coração...
Ficam acordadas atropelando a minha razão...

Controle... Eu o tenho de volta...
Sensatez habitando novamente em mim...
Sou quase normal, outra vez...
Se é que um dia assim eu fui...

Descontrole... neste silêncio, nesta ânsia...
Quanta vontade!!! Quanto desejo!!!
E mais uma vez, as palavras...
Os sentimentos... Brincando e fazendo barulho no meu coração.

Calma... é um caminho, uma estrada...
Cada dia a mais... é uma palavra mais... um sentimento a mais...
Cada dia a mais... é uma dúvida a menos...
Existem coisas escritas em algum lugar...
E pode até ser nos céus, enfeitadas pelas estrelas...
Testemunhadas pela Lua.

Sim... é o absoluto som de renascer...
Extensão do pouco que fui até aqui...
Que dança confusa destas palavras...

Não são para entender...
Ainda estou em silêncio...
Aquietando o tanto que já existe para gritar...

Sintonia...
Acertando os passos...
Decorando a casa para você ficar!!!
Débora Andrade

Cansada


Cansada

Cansada... Tão cansada de alimentar este gigante sempre com fome...
E agora... Vazia... Vazio... maqueando este sentir...

Até que gosto desta estranha sensação de nada sentir
Esta estranha sensação de não te sentir o tempo todo
Parece que, faltar um pedaço de mim, não mais dói tanto quanto antes...
Outra luz, outro caminho... Agora... sem foco e sem direção.
Não espero por mais nada... Tudo o que tenho são surpresas...
E até as coisas mais simples,
Sem expectativas, são surpreendentes...

Ter me cansado foi útil para algumas coisas...

Cansada de tentar encontrar as razões
Deixei que a própria razão me encontrasse.
Deve ter errado o caminho... Não me encontrou ainda...
E até pode estar perdida por aí...
Assim, como a minha felicidade... Não podem estar juntas...
Não se dão muito bem...
Raras vezes se misturam...

É bom estar sem rumo de tão cansada...
É bom esperar que façam por mim...
Débora Andrade

Mais Mil Vezes


Mais mil vezes

 E se nos conhecêssemos mais um milhão de vezes,
 Mais um milhão de vezes nos apaixonaríamos...
 Somos do mesmo espaço, somos o mesmo ser...
 Divididos e somados...
 Somados e multiplicados em versos e canções...

 Não há o que possa te tirar de mim.
 Sou você em grande parte do que sou.
 E andamos lado a lado,
 Mesmo que distantes.

 É com você que quero seguir para qualquer lugar.
 E vamos seguir juntos para ver o sol,
 Para assistir o arco-íris...

 Não posso mais carregar todo este passado pesado.
 Não vamos levar bagagem alguma.
 Não precisamos de mais nada se já temos um ao outro.

  Somos nossa maior fortuna...
  O nosso maior tesouro...
  E temos o que há de mais sagrado...
  E está guardado em nós...
 
  E para sempre...
 
Débora Andrade

A Mesma


A mesma

Acho que me reconheci,
Por um rápido instante...
Me reconheci...

Foi tão estranho...

As minhas dúvidas sobre mim...
Os meus questionamentos...
O teatro acabou...

Sou, sim...
A mesma... a mesma de muito tempo.
Nada mudou.

Lavei a lama que já passava do pescoço
Ignorei os lamentos
Enterrei aqueles sonhos que nunca existiram.

Feche as cortinas
É doloroso o final deste espetáculo

Quanta mentira,
Quanta ilusão...

Foi estranho,
Eu me reconheci...
Sou a mesma...

Não posso ser parte deste todo.

Vou embora depois do espetáculo.
E ninguém nem vai perceber...
Sou a mesma.

Débora Andrade

Estranha


Estranha

Quem é esta que reclama fraqueza no meu peito?
De quem é este olhar que sem foco,
Olha por todos os cantos como quem está perdida?
O que você precisa, estranha?
Diga-me para que fuja logo de mim.
Não tenho muita paciência para pessoas como você.
Não gosto de pessoas cansadas, sem expectativas, sem perspectivas,
Que suprimem as forças vivendo o que não é ideal.

Vai, me diga logo.
Você tem me causado um certo desconforto.
Não quero mais você em mim.
Vá chorar seus amores perdidos longe de mim.
Vá viver isto bem longe.
Não me alimento de fracassos.
Não admito desesperança, desilusão.
Sim, sou forte. E não é você quem vai me provar o contrário.

Não, não me diga mais nada.
Suas frases não surtem efeitos.
Você é fraca. Você chora. Você lamenta. Fraca!!!
Em mim você não vai mais ficar.
E se ficar, arregace as mangas e vamos à luta comigo.
É isto aí. Eu não desisto. Eu não desacredito.
Eu não choro, eu não reclamo.
Eu sigo, eu grito. Eu faço alguma coisa.
Eu sou forte, sou valente, não choro...

Eu sou... é... eu sou......
Mas às vezes minto...

Débora Andrade

Vento


Vento

Sinta-me como quem pode sentir o vento...
Este vento que é mais forte no aumento da velocidade...
Este mesmo que é quase palpável quando se movimenta contrário à sua direção.

Sim, eu posso ser o vento...
Em direção contrária...
Em queda de braço com teu sentimento...
Correndo por entre seus dedos...

Fazendo barulho quanto mais você corre...
Você não vê...
Não, parece ver.. Mas não vê...
Mas.. você sente...

Sim, posso ser o vento...

Débora Andrade

Para Entender de Mim


Para entender de mim

Para que você entenda um pouco de mim,
é necessário que entenda um pouco de você...
E para que você entenda um pouco de você,
é necessário que entenda um pouco de mim....

Todas as manhãs, quando me levanto,
me visto de realidade!!!
Não que seja a minha melhor roupa,
mas é convencional, discreta, básica...
Chama menos atenção, causa menos espanto... menos impacto!
E demoro a me despir...
Preciso de estímulo...de intimidade.
Preciso estar pronta a viver o meu mundo...
E pronta a não ter medo do frio, da estranheza...

Depois, me visto do que desejo, do que acredito...
Amor, sonhos, doces e embaraçosos sentidos...
Me visto de ternura... alegria!
Faço dos sonhos, realidade e da realidade, fantasia!
Débora Andrade

Cores do Céu


Cores do Céu

                            
Quero pintar o céu azul de preto...
O céu vai me obedecer...
Seguir os gritos e berros endoidecidos de um ser astro,
Ímpio e ridículo...

Vou pintar o céu azul...
Ele vai ser como os meus sonhos.
E quando eu conseguir sonhar
Ele se encaixará às cores da ilusão.

E assim vai sendo o céu...
O que ninguém sabe,
O que alguém quer saber...
Porque há nestes versos,
O mesmo que há nas cores do céu.
Débora Andrade

Casa


CASA

Senti um cheirinho de café...
Era tão cedo...
Abri os olhos devagar,
Demorei a reconhecer o lugar...

Desde que fiquei muito só,
Nem tenho mais lugar.
Todos os dias, ao acordar
Me pergunto onde estou
E quem eu poderei abraçar.

Que saudades de casa!
Que casa?
Desde que fiquei só...
Eu sou minha casa.

Que saudades, mãe!
Que saudades, pai!
Ai, irmãs... que saudade!

Era o café do meu pai...
O de sempre.
Torrado e moído em casa,
No fogão à lenha de minha avó...

Era a minha casa!
O cheirinho do café
Levou até à mim lembranças...
Minha infância...
Minhas esperanças...

Que saudade, pai...
Que saudade, mãe...
Família... quanta saudade!

Eu que sempre quis o que o vento não leva...
Eu que sempre ponderei meus sentimentos,
Amei o que o tempo não muda... Mas o que não muda?
Equilibrei os pontos, os sonhos...
Mas não tenho nada em minhas mãos.
Desequilíbrio... mudança...

Nem eu estou tanto mais em minhas minhas mãos...

Pai, mãe, irmãs... quantas saudades!!!

Débora Andrade

O Sentir


O Sentir

E eu ainda sinto...
Sinto como se tivesse te amado ontem...
Como se nos amássemos sempre...

Ainda me perco em sonhos,
Viajo em músicas,
Descanso em cantos...

Você está presente em mim...

Se fecho meus olhos
Procurando algo dentro de mim
Encontro você, sua voz, suas palavras,
O calor de suas mãos, o amor do seu corpo,
o pulsar do seu coração, o enlaço de nossas almas.

Fim. Nada mais a calar e nem a falar.
Nada mais a esperar.
Resta, somente, o amar.

Amar, somente.
Sem planos, sem amanhã.
Sem esperar, sem se curvar.
Nenhuma doação, nenhum espelho.
Nada de reflexos...
Nada de ações, sem reações.

Uma declaração,
Duas, três ou mais...
Palavras, sentimento...
Todas, todos e tudo perdido.
Sozinha num cais...

Débora Andrade

Existe


Existe

E como ainda acreditar?
Se tudo já é como não está.
E como ainda insistir,
Se em tudo o que resta é o sonhar.

Estou presa a fé que me sustenta,
E pelo braço, eu seguro a esperança.

Estou ao relento do que sobrou de um dia frio.
Mas amanhã vai nascer o sol,
Brilhante e imponente.

E ele ressuscita todos os meus sonhos,
E a luz reabastece todos os meus encantos.
Enquanto houver qualquer coisa de mim,
Vou viver e cantar.

Existe, e eu sei que existe.
E está além da realidade,
Pois está bem próximo de mim.

Vivo na linha tênue entre ser e sentir,
No espaço que há entre a loucura e sabedoria,
Na vaga que existe entre razão e emoção,
Na estrada onde andam de mãos dadas a realidade e os sonhos.

Débora Andrade

Estados


Estados


Hoje sou a noite porque ontem nasci dia.
E agora sou a Lua, porque também já fui o Sol.

Fui céu azul anil,
Céu azul cor de prata,
Céu cinza no mês de abril

Estrela cadente que caiu no mar
Rosa viva em um deserto
Sorte, diamante, tesouro incerto

Fui sede quando mais tive água
E seca quando mais tive sede

E hoje sou o que ninguém fala
Posso ser tudo ou posso ser nada

Hoje estou bem ou estou mal
Estou com ou sem,
Estou em versos, em música, em mim
Ou em qualquer pessoa normal...

Agora eu sou estados...
Débora Andrade

Saindo do Poço


Saindo do Poço


Andei pensando na culpa, e na desculpa
Pensando nas dores e nos desamores...

Me culpo...
Por pensar e acreditar que é você minha salvação.
Estou no fundo do poço,
Olho para cima e vejo mãos...
Querem me socorrer...
Mas entre tantas, só reconheço a sua,
São só as suas que eu quero ver.

Mas você vira as costas.
Quer ficar só.
Sim, se preocupa comigo ali no poço...
Mas nada pode fazer.
Suas mãos não querem alcançar as minhas.
Não quer laços ou "nós".

Enquanto as minhas, só pretendem alcançar as suas...

E eu não me canso.

E de cair tanto,
Minhas feridas já não doem mais.

E por tanto esperar,
As outras mãos estendidas outrora,
Se cansaram, foram embora.
E não há mais em quem me segurar.

Agora sou eu.
Eu e minha solidão no fundo do poço.
Eu e minhas feridas ainda abertas,
E já tão anestesiadas pela própria dor.

Eu e minhas garras,
Que saem de não sei onde...

Devem sair das entranhas da saudade.
Ou da frieza do abandono.

E eu escalo o poço...
Subo, subo e subo...
Saio de lá...
E me ponho de pé.
E a vontade de viver e ver o sol é tanta
que não reconheço o cansaço.


Estou salva, agora.
Com unhas desfeitas, sem gloss, sem rímel.

Mas estou de pé e meus olhos brilham...
Encontrei algo no fundo do poço
E trouxe comigo para ver o sol.
Para estar comigo sem se ocultar:
A força que antes eu pensava vir de você.

Não me avisou que ela estava o tempo todo em mim.
Logo você que sempre soube de tudo.

Passei tanto tempo no escuro e no frio
Que desfiz as amarras dos meus sonhos
Enquanto nada tinha a fazer senão sentir o frio
E nada ver no escuro, a não ser a sua imagem que eu projetava como luz.
Os sonhos agora podem ultrapassar as barreiras
que cercavam você e eu.

Destruí as grades que prendiam minha força,
Meus desejos e minha felicidade.

E o que antes eu pensava encontrar só em você,
Encontro agora nas minhas unhas sujas,
Nos meus cabelos desfeitos,
e até nas dores musculares causadas no escalar do poço.
Sem as suas mãos, confirmei que eu consigo sozinha.
E afirmei que elas não mais estão dispostas às minhas.

E ainda assim,
Seguirei sorrindo, feliz...
Disposta a encontrar o que eu denominei felicidade!
Débora Andrade

Âncora


ÂNCORA


Meu barco ancorou
Entre a areia e o mar
No instante do seu olhar
No momento do seu amor
Entre a sombra e a dor
Sob o céu estrelado,
À vista do mar iluminado
pela luz de uma estrela cadente...
Entre o deserto e a flor...

Em um novo mundo, em uma nova dimensão...
De verdades menos palpáveis,
De sorrisos mais internos,
De sonhos se realizando,
Ternos, serenos, imensos, intensos...

Meu barco ancorou em um porto distante
Porto livre de espantos,
Porto mágico de encantos...
Lá eu pude ser eu e cantar...
Sentir imenso amor e me encontrar...
Sonhar e realizar...
Amar, amar e amar...

Lindo porto de mansidão...
Onde a eternidade é verdadeira
Onde a felicidade brinca com o tempo
E impera a força do coração
E as angústias são levadas pelo vento.

Porto de céu, de mar
De sol, de vento, de lua...
De estrelas, de beleza...

Porto de dar as mãos...

De sonhar juntos, de fazer juntos
De ser juntos...

Minha âncora...

Minha âncora...
Ancorou-me no porto sereno e doce da magia do amor...
Permitiu-me saciar a sede de ser feliz...
Ensinou-me a acreditar no sempre...

Minha âncora...
Ancorada agora está...
Não mais em meu barco...
Deixou-me livre a navegar...
Obrigou-me a partir do porto do encanto

Barco segue...
Encontra luz, encontra brisa
Agora vê o arco-íris
Depois de passar por grande tempestade...

Segue barco, segue barco...
Sem âncora...
Goze dos dias de calmaria
Enquanto longe está o temporal...

Não há mais âncora...
Perdi a direção do porto...
Não parei ainda de navegar...

Gira mundo, gira barco...
Naufrague um dia no porto da magia,
no porto do encanto...
Onde ainda há meu canto...
Onde chorei meu pranto...
Onde eu, de verdade, me encontro.

Débora Andrade

O Agora


O Agora

E agora tudo permanece como não foi,
Tudo fica como não estava
E nada mais está em mim...

Tudo está disperso pelo mundo...
Vagam lágrimas, sorrisos, flores...
Vagam sonhos, danças, ilusões...

E agora tudo é como deveria ser...
E tudo está como nunca deveria ter estado.

Tudo está disperso pelo mundo...
Tudo vaga por entre os cosmos,
Os raios, por entre os corações...

E eu sou um pára-raio,
um ímã magnético...
Sinto, sinto e sinto...

Mas sinto, apenas...
Será chegado o dia de viver o sentir...
Vai chegar este dia...
E tudo será de verdade...
De verdade e mágico...

Será para sempre...
Este sempre que nunca existiu...
E eu saberei viver...
Como quem nunca viveu...

Porque sou um pára-raio
Porque sou um ímã...
Porque não sei se sou humana...

Atraio sonhos...
Atraio ilusões doces...
Encantos e enganos...

Vou viver como quem sonhou...
Débora Andrade

O Meu Romance


O Meu Romance

Me olham como se eu tivesse medo...
Me tratam como se eu evitasse reviver...
O medo que existe é de mim mesma...
Do que posso sentir, do que posso fazer...
Ninguém me oferece mais riscos do que eu mesma...

Sou o meu maior perigo...
Quem mais me machuca, quem mais me destrói...
Mas também sou quem mais me constrói...

Tenho vivido um romance comigo mesma...
Tenho me amado, me odiado...
Sentido raiva, falta e até ciúmes de mim mesma...
E revivo todos os dias o meu amor...
Meu amor por mim...
Porque é o único romance que posso viver sem medo de perder...
Não posso me abandonar...
Não posso fugir de mim...
Não posso não me querer...
Ou me dar um tempo...

Meu amor por mim é para sempre...
Ou, pelo menos, até quando eu viver...
Não há amor mais seguro,
Amor mais egoísta,
Amor mais intimista...

Vivo, todos os dias, o meu romance.

Débora Andrade

Entrega


Entrega

Me entrego ao viver.
Sem medo e sem receio.

Estou me jogando nos braços da vida.

Que venha o sentir,
Que venha o crescer.
Quero fazer parte de você...
POr mais de um segundo,
E não menos que uma noite estrelada.

Clareia o caminho com seu olhar.

Vamos despertar o destino de amar.
Por mais que seja até amanhã,
Ou até quando a gente viver.

E que os corpos se envolvam,
E que os corações se lancem,
E que os laços se façam.

Me jogo nos braços do viver.

Já tenho Lembranças de algo que ainda não vivi.
E já sinto saudades do que estou certa de que viverei.




Débora Andrade

Além do que vejo


ALÉM DO QUE VEJO

...E de tão cega
Pude me ver tão perto...
Despida de qualquer encanto,
De qualquer espanto...

E ouvi tudo o que era mudo...
E vi tudo que era invisível...
E bebi da água fria do meu riacho transparente...
E não tinha sede...

Andei entre as rosas do meu jardim,
Me encantei com a beleza das flores
e me feri com alguns espinhos...

Também ouvi meu canto
enquanto andava descalça
pela lama do meu pranto...

Quanta gente, quanta vida...
Quanto mundo há em mim...

Quantos são os que sentem?
Quantos são os que clamam?
E quem são os que mentem?
E quem são os que amam?

Muito mundo há em mim...
Muita gente, muitos sonhos...

De tão cega...
Ouvi meu pranto...

Débora Andrade
Débora Andrade

Depois da Tempestade


DEPOIS DA TEMPESTADE

Luz, cores, brilho, magia...
É o arco-íris que surge após a tempestade...
A calma já me toma pelas mãos,
Algo em mim, não sei de onde,
Cala as tantas respostas que procuro

As lágrimas caem tímidas,
Como caem quando ouço boa música
Ou quando leio um bom poema

Respostas, perguntas?
Nada mais... para quê?
É um ponto final.
Um livro bom também chega ao fim.

Banho de realidade...
Mas a magia ainda está em mim...
E eu não vou deixar morrer.
A força sutil e singela do arco-íris é mais intensa que a força devastadora da tempestade.
Há mais luz e mais brilho que imaginava...

Do que passou, resta a lembrança
que afirma a certeza de que o amor está em mim.
Tão puro, tão sincero e tão grande...
Que eu mereço vivê-lo


Débora Andrade (abril, depois da tempestade)
Débora Andrade

Tempestade


TEMPESTADE

Eu fiz nascer o sol para fazer brilhar seu sorriso
Fiz chover a chuva para molhar seus olhos
Fiz ventar o vento para ventar suas tristezas, seus medos.

Fui parte de você e
Permiti que você fosse parte de mim

Permiti que sonhasse os meus sonhos
e que fizesse parte de todos eles.

Você não entendeu o que eu tinha para você
Não conseguiu sentir a força, a magia dos meus sentimentos.

Agora não faço mais brilhar o sol,
Não faço mais chover a chuva,
Não mais faço ventar o vento.

Todos eles estão dentro de mim,
Formam uma tempestade...
E levam, lavam e queimam tudo que de seu resta em mim.

Depois de renegada,
Eu renego...
E sobrevivo em meio ao nada que você me fez tornar.

Não mais acredito em sonhos,
Não mais sonho...

Sigo só...
Tão só quanto a estrela que caiu
no mar na noite em que nasceu o amor...

Sigo só...
E contemplo tudo que no mundo parece só.
Sol, Lua...

Amor, eu sonhei que era real.
Sonhei que eu poderia ser tudo aquilo que escrevia...
Sonhei que poderia ser o mundo para quem foi meu mundo.
Sonhei que poderia ser real.
E quanto eu pudi, vivi tudo como se fosse real e verdadeiro.

Amor, eu vivi!
Tão forte, tão intenso, tão manso, tão iluminado.
Eu vivi... senti tanto, tanto...
Que agora parece ser levado um pedaço de mim.

Berros saem dos meus olhos...
Lágrimas entonam na minha voz...
Escuridão clareia a infinidade de luz...
Relâmpagos de confusões de dentro do meu peito...

Lágrimas, lágrimas, lá... Grito... Mas...
Mas... caem, secam, somem e brotam mais vezes...
Por você, por mim, por tudo que desejei viver...
Por tudo que me permiti sentir...

Trovoadas de dor, em acústico som, ouve o meu coração.



Débora Andrade março/2006
Débora Andrade

Manu


Manu

Abençoado o ventre que te espera.
Tuas formas ainda indefinidas,
Definem meus sonhos que
Já são embalados por som de cantigas de rodas.

Me sonda teu rosto angelical de menina.
Sonho com meu colo sagrado por te acolher.

A casa toda já tem teus passos pequenos,
O barulho silencioso do teu sono
E o doce cheiro de criança serena.

Todos os cômodos já te aguardam
E estão prontos para acomodar a tua graça.

De pensar nos teus sorrisos,
As estrelas já brilham mais
E desenham suave a coroa que te entregamos.

Te coroamos princesa do nosso reino de sonhos.
Celebramos tua vinda com alegria sem fim.
Te nomeamos dona dos nossos momentos de felicidade mais pura.

Manu, Manu...
És bem vinda em nós.
Manu, Manu...
És bem vinda em mim...

Nasça para o mundo
Da mesma forma intensa que nasceu meu sorriso ao saber da tua existência.
Serena, doce, esperta...
Aguardamos tua chegada...
E acolhemos teu choro de criança
Como música aos nossos ouvidos...

Manu, Manu...
O nosso amor te espera.
Débora Andrade

Por ora, inveja


Por ora, inveja.

Do Sol que te ilumina e te aquece...
Do céu que cobre o azul do teu dia...
Das estrelas que têm a sorte do brilho dos teus olhos...
Da Lua que te fascina em todas suas formas...
Do oxigênio que percorre o teu sangue...
Da água que molha e lava teu corpo...
Do espelho que te reflete...
Do etílico que te enlouquece...
De tudo que te mata a sede...
De tudo que te mata a fome...
De tudo que te tem por perto...
De tudo que te queima por dentro...
Do tempo que te conta...
De tudo que te faz viver...

És tudo o que quero...
Te ter inteiro, te ter completo...
Por ora, só há inveja...

Inveja de tudo que te tem...
De tudo que te toma...
De tudo que te cerca...

Inveja...

(TEXTO PARA A ARTE NÃO É MINHA - www.aartenaoeminha.blogspot.com)
Débora Andrade

Percepção


Percepção

Se sente estranho como palavra enclausurada nas entrelinhas de poemas transcendentais.
Porque nem tudo acontece como premeditamos ou desejamos.
As finalidades são presentes em todos os atos.
O Universo não se cansa de conspirar.

Se sente estranho sem saber se explicar...
E insiste em domar pensamentos sabendo que abstrato não se toca.
Arquiteta tudo como se tivesse o dom de segurar nas mãos os próprios sentidos.
Tenta entender a liberdade que às vezes lhe dá asas, outras, o prende em amarras de quem não sabe o que fazer depois de um vôo.
Daí, talvez, a angústia...

Não teme o passado como lembrança.
Mas seria tão bom reviver, além de recordar.
Porque nunca é demais sentir segurança e felicidade.
E existem coisas que o tempo enfraquece.
Uma criança sempre será mais destemida que um adulto.
Crianças não conhecem limites.

Por enquanto, basta o dormir e descansar.
Amanhã tudo pode estar melhor.
E outro dia, volta a ensair não saber limites.
Ensaie o vôo e o retorno ao ninho.
Viva a expectativa e o entusiasmo.
E esteja certo de que a angústia também pode chegar.
Mas não salte as etapas e nem pense em retroceder.

É vivo quem tem lembranças.
E só é lembrança quem sabe viver.
E é bom que seja com intensidade.
Porque esta palavra combina com você.
Débora Andrade

Prisioneira


Prisioneira

Me prenda.
Me abrace.
Não desfaça as amarras.
Me queira presa em teus braços.
Sou livre quando algemada em teu gosto.

Adentre sem bater.
Quero tua voz fingindo promessas de amor.
Ser teu sono, tua falta, teu engano, teu calor...

Transformar teu sonho, paisagem.
Riviver estrelas no mar do Arpoardor.

Borde em meus cabelos teus carinhos.
Grave em mim tuas palavras.
Beba em minha boca o que te mata a sede.

Intensifique as notas e aumente os tons.
Me viva em cada refrão.
Me consuma.
Me ame em cada pedaço de chão.

Mate e reviva teu peito em meus tambores.
Sou quase som quando ouço tua voz.
Sou quase poesia quando me prendo no teu beijo.
Sou quase céu quando te tenho sol.
Sou quase lua quando te tenho noite.

Me amarre em seus versos.
E não me solte em rimas.
Quero ser a melodia dos teus passos
A caminhar pelas estrelas do meu chão.
Quero ser prisioneira da tua canção.
Débora Andrade

Me Faça Ficar


Me Faça Ficar

Se eu dormir ao lado teu,
Ao acordar quero teus olhos já despertos.
E ao flertarem os meus,
Quero ver neles todas as palavras que teu peito sente e tua boca não fala.

Quero ver um pouco de mim no teu sorriso.
E ter um pouco de nós gravado nos meus escritos.
Quero compor músicas com o embalar dos nossos sons.
Eu ouço tambores quando teu peito encosta-se ao meu.

Tenho mania de querer partir...
Mas me faça ficar...
Se tiver aconchego nos teus braços,
Sufoque no abraço os meus medos...
E espante com um canto doce toda a minha pressa...

Eu só preciso sentir que é de verdade.

Me faça ficar.
Débora Andrade

Meias Palavras


Meias Palavras

Me declaro.
As palavras que saem de mim são sempre verdades.
Embora eu saiba dizer meias palavras.
Nestas metades, guardo a intensidade que você ainda não soube merecer.

Desvio os olhares sempre confessos.
É bom que eu te olhe pouco para que não saibas o quanto de ti há em mim.
É bom que não tenhamos tanto de nós um na mão do outro.

Minhas meias palavras...
E me calo...
Porque também sei ser silêncio.

Meu barulho faço para disfarçar minhas margens que transbordam de gestos teus.
Gravei teus movimentos...
Te sinto na sombra dos meus versos...

Do meu corpo soam tics e tacs que insistem em contar meu tempo.
Cedo ou tarde...
Nossas esquinas se cruzam no futuro de hoje.

E não há sobras de caminhos não traçados.
Somos inexatos...
Suspeitos por transformar a vida em doce.
Condenados a manter laços.
Mesmo que musicais...
Débora Andrade

"Nós" e Nós


"Nós" e nós

Insiste em ficar.
Proximidade que não se esgota.
Me tranco à sete chaves e
Enterro sentimento a sete palmos do chão
Mas revive em mim sempre que ouço tua voz

Sobra de nós
Falta de “nós”...

Estreito caminho que me aperta a saudade.
Procuro tuas mãos quando olho para as minhas.
Eu ouço os teus sons quando vivo o meu silêncio.
Sinto o teu nome quando pulsa o meu peito.

Leio nos teus olhos nossa história de passado...
Ainda tão presente...
Quase sem futuro.

Insistem os nós.
Revivamos, então, nós.

Débora Andrade

Adultos


ADULTOS

Ato falho o de chutar as pedras.
Agora que o fogo é preciso,
Faltam as pedras que riscavam faíscas de luz.

Encruzilhada entre razão e emoção,
Como se fosse cartilha que reza um destino.
Sempre prestes a decidir por um ou outro.
Não existem braços que suportem o peso dos dois.

E o vento sopra as chances que restam.
Falta fôlego.
Na boca, sobra o ácido da escolha.
Nos olhos, não mais o brilho de 18 anos.
Sobra o opaco da angústia do amanhã.

Pão, pó, estrada, chão...
E no céu, a infinita e distante chance de dar certo.

O desejo de ver cair mil estrelas.
 - Estrelas cadentes realizam pedidos!
Débora Andrade

Criadores, Criações, Criaturas...


Criadores, Criações, Criaturas...

Criadores...
Correm rimas pelas veias.
As células do sangue formam palavras.
Os pensamentos são versos soltos sem pontuação.
Dos pés à cabeça, transpiram sonhos.
Possuem a fórmula mágica da emoção.
Criam dores...

Caem leves no papel.
Dançam com as mãos quando,
Levianos, entregam a alma à tinta,
Ao lápis...
Criações...

Artistas que desenham as nuvens do céu.
São os escultores das crateras da Lua.
Pintam as flores, o pôr do Sol e os rabiscos de relâmpagos no céu.
Tudo é ilusão.
Criam e aturam...

Criações...
São registros de um passado cru.
A invenção de um futuro morto.
Presente nascido a fórceps.
Criaturas...


E para os tempos: bola de cristal.
O agora é mais uma ilusão.
Criadores, criações e criaturas...

Criam Ação, reação, inquietação...
No segundo que antecede a vírgula não respiram.
Suspiram, transpiram, deliram...

Crituras que criam dores...
Os pratos estão fartos de pecado.
E para o amor, têm a cura.
Criam e aturam...

Deixa voar solto o verbo.
Ilusionistas não são heróis.
- Criam asas e aturam a dor de voar.

(TEXTO PARA O BLOG ILUSINISTAS DO VERBO)
Débora Andrade

Renasce


Renasce

Perdida.
Na contramão dos ideais.
No peito, soa o grito de socorro.
Expectativas de sonhos quase mortos.
A esperança sempre acende a luz de alerta.
Parece não se perder em meio a tantas confusões.

Introspecção.
A madruga dá norte de quem pode ser.
E por ora, só há tempestade.
O dia que vem é de verão.
Sol que não mais faz poesia de arco-íris.

Água.
Chuva.
Lágrimas sem sal de um céu cinza e triste.
Lavando dores de ontem.
Nascendo e morrendo flores de primavera de um ciclo próximo.

Fuga.
Um clamor insiste: - Posse.
Posse de alma que colore sombras.

Retrocesso.
Corredeiras que carregaram este corpo morto.
Nascer é sempre mais doloroso.
Renascer é doer duas vezes.

Passos.
Pequenos, porém, ligeiros.
Ofegante.
Pesada.
Muito fôlego.
Teimosia.
A falta de ar não vence.
Os pés, ainda escravos da alma...
Pisam chão que não mais são estrelas.
Pó, poeira, chão.
Seguem.
Procuram pelo caminho que ainda não sabe se virá.
Se cansa.
Continua.
Vive.
Morre.
Nasce.
Renasce.
Débora Andrade

Perspectivas e Retrospectivas


Perspectivas e Retrospectivas

Dia de ressaca.
2009 foi bebido em goles largos.

Para as promessas não cumpridas: vinho.
Para os planos pela metade: cerveja.
Para toda felicidade vivida, apesar de tudo: CAIPIRINHA!

E todo dia 31 é a mesma saga.
Retrospectivas, perspectivas, promessas, planos...
E para a virada: festa!
De preferência, festa que tenha show pirotécnico.
Dá impressão que nossa vida será sempre aquela noite escura com faíscas de luz coloridas, desenhando flores gigantes em nossos sonhos.
Mas se a festa não tem fogos e tiver algo que deixa de fogo, é esta mesmo.

Como fazemos planos!
Dedicamos minutos e minutos para mil tipos de simpatias.
Para o amor: calcinha rosa.
Para dinheiro: uma peça dourada.
Uvas, sementes de romã, escrever bilhete e plantar na roseira e por aí vai.

Todos os anos: - Este ano vai ser diferente!
E... é!
Talvez melhor, talvez pior.
12 meses é muita coisa!
365 dias, mais coisa ainda.
Dá tempo de rir, chorar, abraçar, se sentir um lixo, se sentir um luxo...

Se você parar em uma parte qualquer de um rio,
Aquela água de ontem, não é mais a água de hoje.

O mundo não pára.

Votos, desejos, simpatias, sonhos, planos, fé.
Nós, seres tão humanos em busca de mais uma dose de felicidade.

Retrospectivas das saudades,
Perspectivas dos sorrisos que vamos sempre inventar.
Retrospectivas das realizações e dos planos pela metade.
Perspectivas de nós mesmos, inventando a saudade de ontem.

Será um ano diferente.
Porque as águas que correm os rios, se renovam.
E embora saibam para onde correm, nem sempre cumprem o mesmo trajeto até que cheguem ao seu objetivo.

2010 será um ano diferente.
Porque todos os anos são.

E porque o desejo é sempre o mesmo:

SER FELIZ!


(TEXTO PARA BLOG ILUSIONISTAS DO VERBO - 01/01/2010
Débora Andrade