terça-feira, 20 de novembro de 2012

Dias e noites que...


Dias e noites que...

Tem dias que...
Tudo amanhece menos intenso.
Uma névoa cinza substitui o brilho dourado do Sol.
E então eu sinto frio, me sinto fria...
Uma falta da sua Luz, uma falta da minha luz...

Tem noites que...
Olho para o céu e não vejo as estrelas.
Procuro pela Lua e ela parece procurar por mim...
E nos desencontramos...
E então, não consigo sentir o meu céu.
Não consigo encontrar as estrelas em mim.
Da minha cama não vejo mais o céu que fabriquei.

Um abraço...
Um ombro que aconchegue minhas lágrimas.
Um colo que caiba minhas dores...
Olhos que demonstrem compreender esta fraqueza momentânia.

Não preciso mais de laços...

Mas eu queria tanto um abraço...


Débora Andrade

Somos o que somos.


Somos o que somos.

Não somos o que pensamos.
Somos o que somos.
E ponto.
Tudo bem...
E vírgula.

Depois do segundo "somos"
Ainda há espaço para argumentações,
Questionamentos, indagações, dúvidas e até para as certezas.

Somos o que somos.
Às vezes luz, às vezes escuridão.
Fome e refeição.
Sede e salvação.
Somos o que somos e sem nenhuma pontuação.
Ora humano, ora sobre-humano, subumano e desumano.
Somos sempre uma contradição.

Um mistério desvendado aos poucos.
E sofrendo as dores e os prazeres de qualquer desvendar.
Assim, como quem anda descalço sobre cacos cortantes,
(Seja de vidros ou de paixões)
Apalpando a sorte, tateando os sentimentos no obscuro das emoções.


Um espelho...
Reflexo fajuto mostrando o avesso do que eu deveria ser.
Do que eu desejo ser.
Do que eu não posso ser.

Fim do dia. E agora sou eu e ponto.
Tudo "pronto". Imagem e reflexo!
Testemunhadas por todos os santos.
Posso me ver no espelho e sou eu.
E então... Chora um pranto e, mais uma vez, pronto!
Lá vem ele... Lá vem eles... Vem vindo todos... E chega ela!
Tempo, enganos, encontros, sonhos, realizações, frustrações: a vida!
Corta!!! - Grita alto o íntimo e intimida.
-Vamos refazer. Esse aí não sou eu não.
E assim prorrogamos mais um "recomeço".

Não somos o que pensamos ser.
Somos o que somos.
Sem ser muito, sem ser demais.
Até porque... Uma hora a banda passa
Mas a música não é a mesma de ontem.
O inverno chega... e aí, o cheiro é parecido com o de 1998.
E aí você já olhou sua foto na moldura e sentiu saudades.
Saudades do que você já foi.
E se pergunta onde escondeu aquele sorriso da foto.
E se olha. Compara as pessoas do espelho e da fotografia.
E se questiona: - É a mesma pessoa?
Duvida... mas reage aliando-se as certezas de sempre.

Basta a essência de nós.

Somos o que somos.

Mas, estamos sempre...

Não há tempo para ser.

E só agora somos...

Com as retiscências...
E sem complementações.
Débora Andrade

Euforia do Novo


Euforia do Novo

Por algo sem sentido,
E, por muito menos, razão.
Há um explodir, como fogos de reveillon em Copacabana.
Que se despede do que foi e celebra o que chega.
E como parece bom o que vem!
Do novo, nunca tive medo!

É mesmo em abril.
Para abrir as portas ao novo, com santa emoção.
E agora, afirmo que não há palco melhor para tanta explosão!
Não será em Copacabana!
Nem é dezembro, nem é janeiro...

Por favor, faço questão!
Vou dispor de toda a estrutura!
Fogos, luzes, músicas, sons...
O palco é minha alma.
E só neste reveillon particular,
Dispenso a razão.

Abraço o novo.
Débora Andrade

Passado


Passado

Acabo de entender:
Passado é passado.
Mesmo que mal passado,
É indigesto, mas é passado.
Mesmo que ainda sobreviva e reste qualquer fragmento dele...
O passado, passou.

Não há perspectivas,
Nem há o entusiasmo do "ainda será".
Porque já foi...

Deixo este passado para o tempo verbal.
E neste tempo verbal, se usar, será para conjugar a tristeza.
Angústia, decepções e desilusões são enterradas agora.
E agora é presente!

O Futuro?
O futuro é de amanhã.
E o amanhã é tarde de mais.
Porque eu decidi me fartar do presente.
Porque presente é um presente!!!

Existe borracha para apagar histórias.
E o nome dela é decisão.
Débora Andrade

Máscaras


Máscaras

Não, não é mentira.
Talvez cena, encenação.
Sou eu, quase um tanto.
Bebendo largos goles de que eu deveria ser.
E como se em fotossíntese,
Me alimentando do que ainda hei de ser.
Vomitando tantos sonhos que,
De tanto esperar, passaram do prazo, perderam a validade.

Não, não.
Não sou mentira.
Sou eu mesma, contrariando o coração.
Dosando goles de emoção.
E, em processo de desintoxicação,
Me livro da angústia e da solidão.
Abortando sonhos que já nem sei se são.

Não, não sou eu.
É um rabisco, rascunho, projetos.
Talvez a minha cara,
Talvez o que me encara...
Ou somente é... a razão.
Débora Andrade

"Re" Construção


"Re" Construção

Me reconstruo em bases mais fortes.

E pode chuver a chuva forte...
E ventar o vento sem rumo, sem norte.
Porque, a toda tempestade, serei sobrevivente.
E, ao nascer o arco-íris, maior nascerá a minha fé.

Recomposta, reconstituída, refeita.
E agora, em bases mais fortes.

Súplica


Súplica

Não sou tudo que pareço ser.
E agora preciso da tua mão.
Não me deixe cair...
Segure minha mão.

Eu sempre estive por perto.
Corri em direção às soluções para teus problemas,
E sempre procurei os remédios que curassem tua dor.
Agora, não me deixe cair...

Desfalece toda força que há em mim.
Onde está tua mão?
Estou com medo...
Medo de não viver mais momento algum de amor
Medo de mim, da minha fraqueza e destes tantos sonhos jogados pelo chão...
Ando pelo quarto e tropeço nos meus planos,
Nos nossos planos...
Tropeço ainda na minha fé que sustentou todos eles, já sem vida.

Faça alguma coisa.
Tudo que eu tinha, te dei.
Não resta muito de mim.
Faça alguma coisa...
Não quero mais esta dor que toma conta de cada pedacinho de mim...
Faça alguma coisa...
Eu já não vivo mais em mim...



Débora Andrade